Léon Denis

            Nasceu a 1º de janeiro de 1846, em Foug, pequena localidade situada
nos arredores de Toul, na França.

            Retornou às lides terrenas em um lar onde as dificuldades financeiras eram bastante intensas. Sua vida foi repleta de lutas e sacrifícios, provas estas que iria experimentar ao longo de seus oitenta e um anos, a fim de que através delas, como ele mesmo afirmou, “à custa dos próprios esforços, lutas e sofrimentos se redimisse do estado de ignorância e de inferioridade e se elevasse, de degrau em degrau, primeiramente na Terra e depois, através das inumeráveis estâncias do céu estrelado”.

            Com apenas 18 anos de idade, foi despertado para as maravilhas do Espiritismo, dedicando-se ao estudo aprofundado dessa doutrina em seu tríplice aspecto; ciência, filosofia e religião. Concomitante aos seus profundos estudos nesse campo, forneceu também a sua contribuição valiosa na abordagem e estudo de assuntos históricos, preocupando-se sobremaneira com as origens do Cristianismo e o seu processo evolutivo através dos tempos.

            A 2 de novembro de 1882, dia de Finados, um evento de capital importância produziu-se na sua vida: a manifestação, pela primeira vez, daquele Espírito que, durante meio século, haveria de ser o seu guia, o seu melhor amigo – Jerônimo de Praga  – que lhe disse: “Vai meu filho. Pela estrada aberta diante de ti. Caminharei atrás de ti para te sustentar”. E como Léon Denis indagasse se o seu estado de saúde o permitiria estar à altura da tarefa, recebeu esta outra afirmativa: “Coragem, a recompensa será mais bela.”

            Dentre os grandes apóstolos do Espiritismo, a figura exponencial de Léon Denis merece referência toda especial, principalmente em vista de ter sido o continuador lógico da obra de Kardec. Deve-se a ele a oportunidade ímpar que os espíritas tiveram de verem ampliados novos ângulos do aspecto filosófico da Doutrina Espírita, pois suas obras, de um modo geral, focalizam numerosos problemas que assolam os homens, assim como tratam da importante questão da sobrevivência da alma humana em seu laborioso processo evolutivo. 

            A partir de 1910, a visão de Léon Denis foi, dia a dia, enfraquecendo. A operação a que se submetera, dois anos antes, não lhe proporcionara nenhuma melhora, mas suportava com calma e resignação, a marcha implacável desse mal que o castigava desde a juventude. Aceitava tudo com e resignação. Apesar do sofrimento, jamais o viram queixar-se. 

            Dotado de personalidade contagiante, bom senso, operosidade no trabalho, dedicação ímpar aos seus semelhantes e intenso amor aos ideais que esposava, jamais deixou de escrever, falar, propagar e exemplificar aquilo que ensinava.

            Foi presidente de honra da União Espírita Francesa, membro honorário da Federação Espírita Internacional e presidente do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris em 1925. Dirigiu, durante longos anos, um grupo experimental de Espiritismo na cidade francesa de Tours.

            Após a desencarnação de Allan Kardec, Denis forneceu toda sustentação necessária a fim de que a nova doutrina se firmasse de forma ampla e irrestrita, tornando-se uma figura relevante no campo da divulgação doutrinária.

            A partir de 1880, pelas cidades e vilas que percorria, por força dos seus afazeres profissionais, pronunciava conferências e fundava círculos e bibliotecas populares.

      A sua bibliografia é bastante vasta, da qual mencionamos alguns títulos:

  • Cristianismo e Espiritismo
  • Depois da Morte
  • Espíritos e Médiuns
  • Joana D’Arc, Médium
  • No Invisível
  • O Além e a Sobrevivência do Ser
  • O Espiritismo e o Clero Católico
  • O Espiritismo na Arte
  • O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
  • O Grande Enigma
  • O Mundo Invisível e a Guerra
  • O Porquê da Vida
  • O Problema do Ser, do Destino e da Dor
  • O Progresso
  • Provas Experimentais da Sobrevivência
  • Socialismo e Espiritismo

            Após a Primeira Grande Guerra, aprendeu braille, o que lhe permitiu fixar no papel os elementos de capítulos ou artigos que lhe vinham ao espírito, pois, nessa época da sua vida, estava, por assim dizer, quase cego.

            Quando trabalhava na compilação de seu novo livro “O Gênio Celta e o Mundo Invisível”, foi acometido de violenta pneumonia que o prostrou. Mesmo enfermo, conseguiu ver revisadas todas as provas.

            No dia 12 de abril de 1927 às nove horas da manhã, apertando debilmente as mãos de seus amigos, partiu para a espiritualidade. Seu semblante parecia em êxtase.    Seu rosto refletia perfeita serenidade. Assim terminou, com toda a simplicidade e grandiosidade espiritual, a missão terrena de Léon Denis.

Bibliografia:

  • Lucena, Antonio de Souza e Godoy, Paulo Alves. Personagens do Espiritismo. FEESP, 1997.
  • Soares, Sylvio de Brito. Páginas de Léon Denis. FEB, 1961.