História da FEESP

HISTÓRIA DA FEESP REGISTRADA EM ATAS

A história da FEESP está registrada nas atas das reuniões das Assembleias Gerais de Associados e nas reuniões do Conselho Deliberativo – CD, da Federação Espírita do Estado de São Paulo – FEESP.

Segue abaixo um pouco do histórico da formação desta Casa.

No país que veria a ser descrito, em 1938, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier como “Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, já contava, em 1936, com inúmeros Centros Espíritas, e com algumas Federações Estaduais. No Estado de São Paulo, as Casas Espíritas surgiam, porém isoladas não conseguiam fazer todo bem que gostariam, honrando a máxima fora da caridade não há salvação.

Lembramos que o primeiro livro psicografado por Francisco Cândido Xavier foi “Parnaso de Além Túmulo” editado em 1932. Em 1936 o movimento Espírita encontrava-se em fervorosa propagação, porém, faltava a união entre os Centros Espíritas fundados.

Conta o Dr. Ary Lex, em seu livro “60 anos de Espiritismo no Estado de São Paulo” que “até 1933, não havia, no Estado, qualquer entidade federativa que congregasse os espíritas. Na maioria dos Centros Espíritas predominava os personalismos, sendo o presidente a única pessoa a ditar os rumos dos trabalhos. Não havia qualquer intercâmbio entre os Centros ou, entre eles e a Federação Espírita Brasileira. Em fevereiro de 1933 foi criada a União Federativa Espírita Paulista, que apesar de possuir, teoricamente, representantes por todo o Estado, não procurava (ou não podia) ter razoável contato com os dirigentes de Centros, nem lhes dava orientações doutrinárias. Deixou à margem a Associação Espírita São Pedro e São Paulo, apesar de contar esta com os maiores valores espíritas. Foi por isso que surgiu, entre os militantes desta Associação, a ideia de criar uma Federação mais atuante”.

A ideia de se criar uma Federação estava ganhando adeptos e, em uma reunião, quando alguns colaboradores pioneiros do Espiritismo em São Paulo estavam reunidos, os Benfeitores Amigos se manifestaram e através de um representante da Espiritualidade, o médium deu a psicofonia que fez com que colaboradores de vários Centros Espíritas se reunissem.

As reuniões que se seguiram a essa reunião, onde os Benfeitores Espirituais se manifestaram, eram sempre iniciadas por uma prece inicial e finalizadas por uma prece final.

A partir da reunião de 28.09.1941, quando é realizada a primeira reunião do Conselho Deliberativo, então criado com o nome de Assembleia Regular do Conselho, e tendo como seu primeiro presidente o Comandante Edgard Armond, em 19.09.1943, passaram a dar oportunidade dos conselheiros receberem a orientação do Plano Espiritual através da palavra do Mentor.

Transcreveremos abaixo o resumo das cinco reuniões iniciais da formação da Federação Espírita do Estado de São Paulo, conforme consta nas atas; e a mensagem que uniu os primeiros colaboradores da FEESP.

NO DIA 17.05.1936 REALIZOU-SE A 1ª REUNIÃO “PARA TRATAR DA UNIFICAÇÃO DE TODOS QUE PROFESSAM OS ENSINAMENTOS DE NOSSO SENHOR JESUS CHRISTO À LUZ DO ESPIRITISMO”

            Presidiu a reunião o Sr. Patrício Pinto de Miranda. Foi realizada na sede dos Centros Espíritas “São Pedro e São Paulo”, “Celestino dos Santos” e “Nova Revelação”, situados à Rua Barão de Paranapiacaba, 7 sobrado.

            Estavam presentes 79 confrades, conforme registro de presença.

CIRCULAR ENVIADA AOS PRESIDENTES DOS CENTROS ESPÍRITAS

(Transcrita conforme encontrada nos registros)

            “Prezado Confrade,

            Paz em Nosso Senhor Jesus Christo.

            Confrade —– (o nome de alguns dos presidentes de Centros Espíritas do Estado de São Paulo) —— devendo realizar-se, a 17 do corrente às 15 horas, à Rua Barão de Paranapiacaba, número 7, sobrado, sede dos Centros Espíritas, “São Pedro e São Paulo”, “Celestino dos Santos” e “Nova Revelação”, gentilmente cedido por suas directorias, uma grande reunião de Espíritas, para tratar da unificação de todos os que professam os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Christo, à luz do Espiritismo, a comissão abaixo toma a liberdade de solicitar com empenho, a vossa presença e bem assim pede-vos estender este convite aos confrades de nossas relações.

            Usará da palavra a comissão que explanará seu ideal, e em seguida falarão sobre o assumpto os senhores Drs.Lameira de Andrade, Militão Pacheco e Campos Vergal, sendo depois a mesma franqueada a quem queira usar, sobre o assumpto.

            A comissão: Jacob Nadelman, Eugenio Monteiro, Luiz Monteiro de Barros, Jayme Monteiro de Barros, Hernani Polyceno, Liberato de Mattos Filho e Patrício Pinto de Miranda”.

           A mesa dirigente foi composta por Dr. Lameira de Andrade, Pedro do Monte Ablas e como presidente Patrício Pinto de Miranda.

           Foi lida a mensagem que deu origem a FEESP: um “espírito iluminado”, falando-nos sobre motivos de empolgamento, disse:

            “A vida meu amigo, mesmo neste planeta, possui deslumbramentos maravilhosos. Se não te deslumbras com as maravilhas da Natureza, com as manhãs de ouro e os arrebóis de prata, com a beleza indiscriptível do mar, senão te ofusca os olhos, o brilho de mil estrelas, ah! Meu amigo, então procura dentro da própria vida humana este motivo de deslumbramento e faze com que teu coração, o teu próprio coração, seja a causa de empolgamento para outros corações.

            E isso vos é fácil, meu amigo – bem fácil mesmo!

            Procura na dor, mesmo na dor alheia, este motivo que fará com que teu coração seja um sol para outros corações. E quem chega a ser causa de deslumbramentos para outros seres, por certo tem também que viver empolgado.

            Visitarás hospitais, meu amigo e tem sempre presente uma palavra de esperança para os que sofrem.

            Faze-te amigo dos detentos, desses párias da sociedade, mostra-lhes o porquê da vida, e tem para eles uma palavra de ânimo e de conforto moral.

            Acompanha a vida dos órfãos, desses entes pequeninos e que tão cedo se veem privados dos carinhos dos pais, conquista-lhes o coração com um sorriso amigo, com uma palavra carinhosa.

Ampara a velhice e onde estes pobres velhinhos se reúnem, vai assisti-los, visita-os mostrando-lhes – já que deste mundo nada mais esperam – a aurora de uma vida, a certeza de uma outra existência do além túmulo e já que para esta vida não tem mais sorrisos, que tenham os lábios sorridentes ao se aproximarem dos túmulos.

            E vê meu amigo, quantos motivos para deslumbramentos!

            E quanto mais te entregares a esses trabalhos, com maior excelsitude se te apresentará o Amor de Deus, com maior magnificência, com maior irradiação! E terás sempre os olhos marejados d’água ao suplicar ao Pai o alívio para tantos sofrimentos.

            Enxugarás as lágrimas dos que chorarem e as tuas mãos ficarão inundadas de estrelas e possuindo estrelas possuirás os Céus. Eis ali, meu amigo, motivos mil para um deslumbramento Eterno!

            Conhecendo o mundo das dores, o mundo que vive a parte do outro, conhecerás e te deslumbrarás com o heroísmo anônimo dessa massa sofredora!

            Ante teus olhos se desdobrarão cenas de amor, de renúncia, de abnegação, de heroísmo tão grandes que chegam a ser inacreditáveis.

            E com isso tudo te deslumbrarás, meu amigo, e com isso aprenderás a amar mais, com mais amor e com mais Fé, os teus irmãos que sofrem, vacilam e caem sem alento de um coração amigo, sem o conforto de uma lágrima sincera e sentida”.

            Veem nessa mensagem o que deve ser feito, dizendo que o tempo de caridade teórica e passiva já morreu. Sendo esse o lema do Espiritismo: “Fora da caridade não há salvação”

           Muitas são as ideias de auxílio aos necessitados, que os Centros Espíritos têm para ampará-los, porém as Casas Espíritas são pobres de recursos materiais, e, esse é o motivo principal da não realização de seus sublimes ideais.

            A maneira de realização dessas ideias é: “a união faz a força”, unir todos os espíritas, em um laço bem estreito em torno do amor de Deus e do amparo do Christo, e, assim um só rebanho converter todas as forças em um só ideal.

           A ideia proposta a seguir só não dará certa se os espíritas não tiverem boa vontade e não se desapegarem da política mesquinha e das intensões deprimentes de superioridade e mando

            A única pretensão nesse ato era entrelaçar corações no amor e por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo!

            Sendo a base para a fundação da nova sociedade: a agremiação de todos os espíritas da Capital e do Estado de São Paulo. A administração seria composta de todos os presidentes de Centros ou Sociedades Espíritas, de todos que queiram trazer auxílio material e moral, necessário aos planos idealizados. A mensalidade será estipulada para os sócios e as sociedades que aderirem deverão em suas Casas abrir lista para associados que desejam colaborar com as obras, ficando a inscrição como sócios cooperadores. A renda arrecadada só poderá ser empregada em obras de caridade, como creches, oficinas onde se ensinem ofícios, escolas para educação moral e espiritual; logo que tenha sido complementado esse atendimento às crianças, iniciar o auxílio para a velhice desamparada, bem como um hospital para os obsedados.

            Será obra também realizada pela nova sociedade, palestras e conferências, com assuntos Evangélicos à luz do Espiritismo, para isso haverá um grupo de oradores, entre os seus associados.

            A nova sociedade terá um presidente, um vice-presidente, secretário geral, 1º. e 2º Secretário, 1º e 2º Tesoureiro, 1º e 2º procuradores, bibliotecário, arquivista. Também será escolhido um Conselho Fiscal e um Conselho Consultivo, que só presidentes das sociedades espíritas farão parte, porém enquanto durar seus mandatos nas sociedades que presidem, sendo substituto pelo próximo presidente eleito.

            As demais providências serão determinadas pelo estatuto, devendo ser nomeada uma comissão para apresentá-la em 30 dias ou antes, se possível.

            O amor do Pai só poderá ser exteriorizado pela execução dos ensinamentos de seu Amado Filho e Nosso Senhor Jesus Cristo.

            Sr. Lameira de Andrade, apesar de ter dito que outras tentativas foram feitas e em vão, dava o seu apoio e o da sociedade que presidia “Instituição Cristã Beneficente Verde e Luz” e concita aos presentes que façam o mesmo.

            O Sr. Carlos Teixeira narra sobre as atividades do Espiritismo no Interior, dizendo que na Capital há poucas realizações em comparado com o Interior, vendo assim, a necessidade dessa congregação. Como presidente da “Associação Espírita Jesus Consolador”, também se une a nova sociedade.

            O Sr. Patrício Miranda, lê a carta de adesão do “Centro Espírito Amor e Luz” de Guaratinguetá, escrita pelo seu presidente Sr. José Selles.

            Constam nessa ata 38 nomes registrando presença: da comissão organizadora – Eugenio C Monteiro, Jayme Monteiro de Barros, Luiz Monteiro de Barros, Hernany Rangel Polyceno, Liberato de Mattos Filho.

Além dos representantes do Centro Espírita Jesus Consolador, e do Instituto Christã Beneficente Verdade e Luz, e mais Jacob Nadelman Amadeu Rodrigues de Mello, Pedro de Montes Ablas, Elvi Lacerda, Esgart Grande, Benedicto Mascarenhas, Affonso Mastroiani, Virgilio Marcondes, Affonso Celso Ferraz, Carlos Pereira, Valdomiro Dantas Cortes, Heráclito Rocha (Centro Espírita Virgem D’Orleans, Apolonia Oliveira, Francisco Roldan, Manoel de Barros Castro, Adelaide Bueno Lima, Silvia de Campos, Antonio Bueno de Camargo, José Pereira de Arruda, Arminda Cardoso, Edgard Ortiz Godoy, Caetano Marcos, Ercílio Teixeira, Honório José Ferreira, José da Luz, bem como uma carta de adesão do Centro Espírita Amor e Luz de Guaratinguetá, Eduardo Campos e Antenor Ramos.

No dia 31.05.1936 realizou-se a 2ª Reunião da nova sociedade, presidida por Sr. Patrício Pinto de Miranda, realizada na sede dos Centros Espíritas “São Pedro e São Paulo”, “Celestino dos Santos” e “Nova Revelação”, situados à Rua Barão de Paranapiacaba, 7 sobrado.

           Foram eleitos por unanimidade para dirigirem o processo de iniciação da nova Casa de unificação dos Espíritas do Estado de São Paulo, o Sr. Militão Pacheco como primeiro presidente e para Vice Presidente o Sr.Patrício Pinto de Miranda. Para secretário, o Sr. Hernani Rangel Polyceno.

           Encarregados de redigirem o Estatuto, os Srs. Pedro de Montes Abbas, Luiz Monteiro de Barros, Eloy Lacerda, Eugenio Carlos Monteiro e o Dr. Lameira de Andrade.

No dia 14.06.1936 realizou-se a 3ª reunião da Congregação Espírita de São Paulo, presidida por Patrício Pinto de Miranda, realizada na sede dos Centros Espíritas “São Pedro e São Paulo”, “Celestino dos Santos” e “Nova Revelação”, situados à Rua Barão de Paranapiacaba, 7 – sobrado.

           O Sr. Pedro Ablas faz a leitura parcial do Estatuto para ser discutido, capítulo por capítulo.

           Sobre o tempo de cada diretoria eleito – 3 anos!

           Vários capítulos aprovados e decidido que a reunião do Conselho Consultivo deveria ser 1 vez por mês!

No dia 21.06.1936 realizou-se a 4ª Reunião da nova sociedade, Congregação Espírita de São Paulo, presidida pelo Sr. Militão Pacheco, realizada na sede dos Centros Espíritas “São Pedro e São Paulo”, “Celestino dos Santos” e “Nova Revelação”, situados à Rua Barão de Paranapiacaba,7 sobrado.

           Continuação da leitura do novo Estatuto e sua aprovação aos artigos lidos.

No dia 28.06.1936 realizou-se a 5ª Reunião da nova sociedade, presidida pelo Sr. Militão Pacheco, realizada na sede dos Centros Espíritas “São Pedro e São Paulo”, “Celestino dos Santos” e “Nova Revelação”, situados à Rua Barão de Paranapiacaba,7 sobrado.

           Fica decidido que haverá duas espécies de associados:

            a) congregados (assumem em nome de um Centro Espírita) e

            b) cooperadores (todos os demais)

           O Estatuto é aprovado e finalizado.

No dia 12.07.1936 realizou-se a 6ª Reunião da nova sociedade, presidida pelo Sr.Militão Pacheco, realizada na sede da Congregação Espírita de São Paulo

           Leitura final do novo Estatuto.

           O Sr. Jaime Monteiro de Barros, sugere a mudança de nome de Congregação Espírita de São Paulo para Federação Espírita de São Paulo e o Sr. Joaquim de Oliveira, completa o nome para Federação Espírita do Estado de São Paulo.

           Sendo agora uma Federação e não uma Congregação, não haverá mais congregados e sim federados.

            Houve escolha de uma nova Diretoria para a nova Federação: Presidente o Sr. Patrício Pinto de Miranda; Vice Presidente o Sr. Augusto Militão Pacheco (então presidente da Associação Espírita São Pedro e São Paulo), 1º secretário, o Sr. Hernani Rangel Polyceno, 2º secretário, o Sr. Eugenio Carlos Monteiro, 1º tesoureiro, o Sr. Heráclito, 2º tesoureiro, o Sr. J. B. Nola; Procurador, o Sr. Pedro de Monte Ablas, Orador Oficial, o Sr. Pedro Lameira de Andrade.

            Por esse motivo comemorávamos no dia 12 de julho a fundação da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Mas a ideia trazida pelos Benfeitores Espirituais, que deu origem a FEESP, iniciou-se, na prática, em 17.05.1936, e visava unir os Centros Espíritas do Estado de São Paulo.

Hoje, esta Casa, auxilia durante o ano milhões de pessoas direta ou indiretamente, através de colaboradores dedicados que dão continuidade aos trabalhos sugeridos pelos Benfeitores Espirituais encarregados do socorro espiritual oferecido em nome de Jesus.

            As histórias nos enchem de alegria e emoção e servem como um incentivo para nossa dedicação às tarefas que abraçamos em benefício do nosso próprio crescimento.

            Que Deus, Jesus, Maria, nossa Mãe Santíssima, como dizia Bezerra de Menezes, e os Benfeitores Espirituais, possam sempre auxiliar essa Casa erguida em nome do amor.

 

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