Extraímos a comunicação seguinte do jornal espírita Salut, que se publica em Nova Orléans, número de 1o de junho de 1868:– Filhos, eu vos escrevi: “Quando vossa boa união me chamar, virei a vós.”
E como vossa boa união me chamou eis-me aqui.
Na Revista Espírita editada desde janeiro de 1858 até junho de 1869, Kardec propôs estudar todas as fontes que fornecessem observações instrutivas e interessantes sobre os fatos espíritas ainda pouco conhecidos, com explicações baseadas nos princípios do ensino dado pelos Espíritos e sem acrescentar suas próprias ideias. Para tanto pediu que lhe fosse enviado tudo o que se relacionasse aos vários assuntos de que queria tratar: manifestações materiais, fatos de lucidez sonambúlica e de êxtase, segunda vista, previsões, pressentimentos, algum poder oculto das pessoas, lendas e crenças populares, visões e aparições, fenômenos psicológicos que ocorrem no instante da morte, problemas e ocorrências morais, fatos de devotamento e abnegação para servir de exemplo, além de opiniões sobre o relacionamento dos Espíritos com os homens, em épocas distantes ou na atualidade, etc, etc.
Neste livro os leitores irão encontrar as entrevistas realizadas por Kardec com inúmeros Espíritos, a maioria composta de pessoas como nós, sem fama, que desencarnaram pelos motivos mais diversos, desde mortes naturais a crimes ou suicídios, falando de si mesmas e do mundo espiritual que encontraram após a morte.
É um apanhado da Revista, de modo condensado e em linguagem simples, esclarecendo essas inúmeras comunicações para o conhecimento de todos e também como auxiliar de possíveis pesquisas e estudos visando a popularização da Doutrina.
São depoimentos emocionantes, muitas vezes curiosos, outras vezes engraçados.
Procuramos tornar bem compreensível a todos as incríveis lições que trazem e os magníficos esclarecimentos que esses Espíritos amigos deixaram a respeito do mundo que iremos encontrar um dia em nosso futuro. Temos a certeza de estar lançando, assim, novas luzes sobre a Codificação.
Lembramos que, além das entrevistas, juntamos vários fatos curiosos ocorridos na época.
Na última parte, encerramos com uma coletanea de mensagens incríveis, poéticas e proféticas, cheias da melhor esperança, que os Espíritos deixaram nos alertando sobre o futuro.
No segundo volume, REVELAÇÕES da Revista Espírita de Allan Kardec, encontramos uma condensação dos acontecimentos mais importantes que cercaram o nascimento do Espiritismo no século XIX juntamente com a explosão da Mediunidade.
Kardec deixou com a Revista Espírita uma documentação importante para um conhecimento mais aprofundado do seu trabalho e das comunicações espirituais ou, como ele mesmo o diz, servir de complemento da Codificação.
Com ele, conheceremos as dificuldades que os primeiros espíritas enfrentaram no século XIX , os ataques que vieram das colunas de vários jornais e dos púlpitos das igrejas católicas em sermões e epístolas; que vieram em processos que os médiuns sofriam por “exercício ilegal da medicina”. Os médicos atacavam, julgando-se prejudicados em seus interesses financeiros pelas soluções espíritas de casos que eles mesmos não conseguiam resolver mas que o Espiritismo solucionava. Como ainda hoje acontece.
Além disso, o Espiritismo trouxe as evidências da reencarnaçâo, uma das maiores provas do amor de Deus por todos nós, e que implicava em esforço para desenvolver a tão necessária reforma íntima.
Como curiosidade principalmente, Kardec acrescentou ao seu trabalho uma comunicação de Jesus e a justificou com as seguintes palavras:
O Jornal Salvação, de Nova Orleans publicou a seguinte comunicação em junho de 1868. Publicou sem dar informações sobre as circunstâncias nas quais foi obtida; parece ter sido numa festa comemorativa da Última Ceia ou uma reunião fraterna entre os componentes do Centro Espírita.
Seja como for, ela leva, na forma e no fundo dos pensamentos, na simplicidade bem como na nobreza do estilo, uma marca de identidade que não podemos ignorar.
Comprovamos por ela que as instruções dadas na América sobre a caridade e a fraternidade são idênticas as que são dadas na Europa, provando que esse é o laço que unirá os habitantes dos dois mundos.
QUE FIZERAM DE MIM?
Filhos, vocês hoje são como meus apóstolos de antigamente. Façam como os bons e não como os maus; que ninguém me renegue, que ninguém pratique uma traição!
Que nenhum de vocês seja nem Pedro, nem Judas!
Oh! Meus bons filhos, olhem ao seu redor e vejam! Minha cruz, o instrumento glorioso do meu suplício indigno, domina os edifícios da tirania… e eu, eu vim somente para pregar a liberdade e a felicidade. Com minha cruz, afogaram os corpos no sangue e as consciências na mentira! Com minha cruz, disseram aos homens: “Obedeçam a seus patrões; curvem-se diante dos opressores!” E eu, eu dizia: “Vocês são todos filhos de um mesmo pai, sem diferença, a não ser a de seus méritos que resultam de sua liberdade.
Eu havia dito aos grandes: “Humilhem-se!” e aos pequenos “Ergam-se”, mas exaltaram os grandes e humilharam os pequenos.
Que fizeram de mim, da minha memória, da minha lembrança, do meu apostolado? Um sabre! Oh! Se fosse possível sofrer na morada celeste, eu sofreria… e vocês devem estar prontos a tudo para a redenção que eu comecei, nem que seja para hastear sobre a mesma montanha o mesmo sinal de reunião!… Ele será visto e compreendido e tudo será deixado de lado para o defender, para o abençoar, para o amar.
Filhos, vão na direção do céu com a fé e a humanidade inteira os seguirá sem medo e com amor! Vocês vão saber logo, na prática, o que é o mundo, se a teoria não os ensinou.
Tudo o que foi explicado a vocês para a prática do verdadeiro cristianismo não passa de uma sombra da verdade! O triunfo que os espera está tão acima dos triunfos humanos e do que se pensa quanto as estrelas do céu estão acima dos erros da terra!
Oh! Quando chegarão a ver como Tomé! Quando tiverem tocado!… Vocês verão! Vocês verão ! As paixões serão obstáculos, depois elas irão socorre-los, porque serão as boas paixões depois das más paixões.
Pensem em mim quando forem partir meu pão e beber meu vinho, dizendo que hastearão para toda a eternidade a bandeira dos mundos…
Oh! Sim, dos mundos, porque ela reunirá o passado, o presente e o futuro em Deus.
JESUS
AS PROFECIAS
Observação de Kardec – As revelações que publicamos a seguir foram recebidas de vários centros espíritas da França e do exterior, todas sobre o mesmo assuntoe e com o mesmo pensamento. Estamos divulgando algumas delas porque é chegado o momento para que todos saibam e também para que os espíritas conheçam o sentido da maioria das comunicações dos Espíritos.
• {Recebida em Sétif, Argélia, África -1861) Todos já sabem que as religiões irão se unir um dia numa só crença. Daqui até lá devem ocorrer muitos fatos importantes para aplainar os caminhos. Vocês talvez venham a conhecer o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo que será feito pelo novo Missionário do Criador e também assistirão à grande mudança trazida pelas pregações desse Menino abençoado: ouvindo sua palavra poderosa os homens de inúmeras crenças irão dar-se as mãos.
Acreditem, irmãos, vocês mesmos é que receberão essas comunicações. Mas não divulguem esta mensagem secreta até nova ordem.
SÃO JOSÉ
• 2 – (Constantine, Argéiia, África – 1861) O aperfeiçoamento da Humanidade ocorrerá a partir do século XX; o que vai se cumprir agora são apenas as preliminares da renovação. O homem chamado a completar os acontecimentos já nasceu, seu caminho está delineado e será percebido pela depravação dos costumes.
A corrupção no meio religioso é o principal sinal de sua decadência; os que estão corrompidos arrastam a Humanidade a um destino funesto.
Já aconteceu a mesma coisa com as religiões que substituíram o culto da Divindade pelo culto do dinheiro e das honras, com os que anseiam mais pelos bens materiais da Terra do que pelos bens espirituais do céu.
FÉNELON
• (Paris, 1862) Ao chegar a hora de uma transformação da Humanidade, Deus envia um Espírito em missão capaz de dominar seus contemporâneos por seus pensamentos e inteligência superior e transmitir às futuras gerações as ideias para uma revolução moral e civilizadora.
Jesus Cristo foi um desses missionários excepcionais; teremos, para a época atual, um Espírito que irá dirigir a ação conjunta, unindo as forças do Espiritismo que se encontrarão dispersas.
Quando surgir algum fato novo, aguardem e orem, porque ocorre sob as leis da justiça divina que comanda o universo.
BALUZE
•(Paris, 1866) – Inúmeros Espíritos superiores estão colaborando com a obra regeneradora, mas nem todos são Messias.
1º Há Espíritos superiores que agem livremente, seguindo sua própria vontade;
2º Há os Espíritos marcados, quer dizer, indicados para uma missão importante,
embora existam outros, também preparados no caso de alguma falha.
3º Há os Messias, seres superiores que atingiram a mais alta posição celeste, infalíveis e acima das fraquezas humanas, mesmo quando encarnados.
São os Espíritos pertencentes a essas três categorias que irão colaborar com o grande movimento de regeneração que já começou.
•(Le Havre, 1862) – Cristo trouxe ao seu planeta Terra a vontade de Deus. Mas os homens não conseguiram guardar no coração o amor ao próximo, caíram na senda do egoísmo e, com o orgulho, esqueceram seu Criador.
LAMENNAIS
•(Paris, 1863) – Os fatos ocorrem com tanta rapidez que não podemos ignorar a intervenção dos Espíritos. Há um grande abalo em todo o globo; são as novas raças que vêm das altas esferas e estão à espera de sua encarnação messiânica, estudando as questões que emocionam hoje a Terra.
A bela lei da solidariedade universal tem em seu interior a norma sublime de um por todos e todos por um.
ERASTO
•(Paris, 1865) – A Humanidade não tem má índole por natureza; é somente ignorante e se deixa levar pelas paixões. É progressiva, porém, e deve progredir em direção ao seu destino. Todos devem esclarecê-la, mostrar os inimigos escondidos nas trevas, desenvolver sua essência moral repleta ainda de maus instintos; assim irão reavivar a chama da verdade eterna, da consciência do infinito, do bom e do belo que sempre residirão no coração dos homens, até mesmo dos mais cruéis.
MONTAIGNE
•(Paris, 1866)- Povos! Escutem!… Ouve-se uma grande voz de um lado a outro do mundo: é o precursor, anunciando a chegada do Espírito da Verdade que vem endireitar os caminhos tortuosos em que o espírito humano se perdia em sofismas falsos. É o anjo a despertar os mortos para que saiam dos túmulos.
Agora que chegou o tempo para que ocorram essas predições, vocês irão aprender seu sentido figurado e ler no livro deste discípulo.
JOÃO EVANGELISTA
•(Paris, 1867) – A reunião de seres, encarnados e desencarnados que compõem a população de um planeta, não passa de uma grande criança coletiva. E precisa atravessar todas as fases, desde o nascimento até a velhice e também tem suas doenças de crescimento, idade adulta e perturbações morais e intelectuais.
Em certas ocasiões, as desgraças que destroem o resultado do esforço de um ano inteiro são anunciadas a tempo para que se tomem todos os cuidados e se evite a devastação. Só que, desta vez, isso não vai acontecer. O céu, cheio de nuvens, parecerá ficar mais claro, as nuvens se desmancharão e então, como fúria contida há longo tempo, tudo irá estourar com estranha violência.
Infeliz o fanfarrão, o contador de vantagens que resolver enfrentar o perigo como se fizesse um brinde à infelicidade, de taça na mão! Que decepção! Sua taça não conseguirá chegar aos lábios que já estarão feridos!
CLÉLIE DUPLANTIER
•“Naquela hora não haverá gritos nem luto, nem trabalho, porque tudo o que era antes já terá passado,”
Já está ocorrendo essa profecia do Apocalipse, ditada há dezoito séculos.
Por que tantos se inquietam e gritam? Não se lembram da afirmação de Jesus
que dizia: “antes que passe esta geração acontecerão grandes coisas?”
A ideia plantada pelos Espíritos cresceu com a rapidez de uma inundação e, lógico, encontrou inimigos, opositores e descrentes. Mas ela não seria a fonte de vida, se fosse vencida pelas zombarias com que a receberam no início. Esse pensamento é guiado pelo próprio Deus sobre a Terra e ninguém o destruirá!
Ouçam bem, liguem-se à bandeira onde se escreveu Fora da caridade nâo há salvação e aguardem, porque aquele que recebeu a missão de regenerar a todos vai retornar, e ele disse: Bem-aventurados os que conhecerem o meu novo nome!
UM ESPÍRITO
Com a leitura da Revista Espírita, que Kardec considerou um complemento da Codificação, poderemos conhecer mais a fundo não apenas como se implantou o Espiritismo no mundo, como ter uma análise profunda de depoimentos feitos pelos próprios Espíritos, encarnados e desencarnados.
São mais de 200 artigos em cada um dos volumes, entre fatos curiosos de manifestações espíritas de efeitos físicos, narrativas das mais espantosas e que provocavam verdadeiro pavor naquela época e também provocariam hoje em dia mas que fizeram o mundo conhecer o Espiritismo.
ALCEU NUNES
Bibliografia:
Tesouros da Revista Espírita de Allan Kardec – Alceu Nunes, Edições FEESP;
Revelações da Revista Espírita de Allan Kadec – Alceu Nunes, Edições FEESP.